Categoria: Curiosidades

Como utilizar o DEA- Desfibrilador Externo Automático?

O DEA (Desfibrilador Externo Automático) é um aparelho portátil utilizado no diagnóstico e tratamento de algumas arritmias malignas da Parada Cardiorrespiratória, como principalmente a FV (Fibrilação Ventricular).

Por que esse recurso é tão importante? A PCR mata mais do que o câncer e Aids e é um mal que acomete pessoas de vários perfis, muitas até que não possuem problemas cardíacos.

O serviço de Atendimento Pré-hospitalar foi criado para tratamentos como esse, mas por mais que o tempo de resposta seja curto, muitas vezes não conseguimos chegar em tempo hábil para atender esses pacientes. Por isso a necessidade do conhecimento de leigos sobre essa assistência e da disponibilidade do aparelho em locais de grande circulação. A carência de atendimento pela população foi o motivo para o desenvolvimento de iniciativas como o Dia Mundial da Reanimação Cardiopulmonar, por exemplo.

E mais importante ainda é que o próprio profissional de saúde (seja da Enfermagem, Medicina ou outras áreas) conheça muito bem o uso do DEA e seja multiplicador da prática, salvando vidas. Não à toa, em cursos de extensão aprofundamos no uso desse aparelho, que também deve estar presente nas ambulâncias para uso diante da Parada Cardiorrespiratória.

4 etapas do Desfibrilador Externo Automático

Existem vários modelos de DEA (Desfibrilador Externo Automático), mas eles possuem dispositivos padronizados para facilitar o manuseio. Para operar o aparelho, basta seguir as seguintes etapas:

1- Ligue o DEA

Após pressionar o botão de ON/OFF, escute as instruções em português que serão feitas pelo aparelho e siga elas na ordem e momento indicados.

2- Instale os eletrodos no tórax

Quando o aparelho indicar a necessidade de posicionar os eletrodos, siga as instruções de onde devem ser colocados. A maior parte dos DEAs possuem um desenho explicativo no próprio eletrodo que resume a seguinte posição:

  • Eletrodo do lado direito do paciente: precisa ser colado abaixo da clavícula, na  linha hemiclavicular.
  • Eletrodo do lado esquerdo do paciente: deve ser posicionado nas últimas costelas, na linha hemiaxilar (abaixo do mamilo esquerdo).

O posicionamento é feito dessa forma porque o choque deve passar por dentro do tórax para atingir um maior número de fibras cardíacas. O objetivo é causar uma “pane” no coração que não está batendo direito, para que ele possa então ser “resetado” / “zerado”, na possibilidade de ser reiniciado e funcionar de forma organizada.

3- Analise o ritmo

O aparelho irá pedir para que seja instalado o cabo no DEA, na luz que está piscando. Nesse momento será feita a análise do ritmo e o aparelho irá decidir se ele é chocável ou não. Não sendo chocável, continuamos com as compressões, pois ele está em uma parada cardíaca por assistolia ou AESP (Atividade Elétrica Sem Pulso).

4- Deflagre o choque 

Antes de deflagrar o choque, de acordo com o direcionamento do aparelho, dê a ordem para que os presentes se afastem e certifique-se de que não há ninguém próximo e principalmente encostando no aparelho ou paciente.  Deflagre o choque e comece imediatamente depois a fazer a compressão cardíaca para que o coração comece a ter novamente a sístole e diástole fisiológica.

A cada dois minutos, ele irá analisar o ritmo novamente e informar qual deve ser a próxima ação. O DEA deve ser mantido no paciente até a chegada do Suporte Avançado de Vida.

5 situações especiais no uso do DEA

Apesar da facilidade de operar o Desfibrilador Externo Automático, existem casos que demandam conhecimentos específicos de profissionais e leigos. Conheça cinco deles:

1- Homens com excesso de pelo no tórax

Nessa situação, os eletrodos colam nos pelos e não na pele. Por isso, o aparelho não tem uma aderência suficiente para fazer a análise do ritmo e o choque não é deflagrado. É preciso raspar a área para depois posicionar os eletrodos.

2- Pacientes que usam marca-passo

Não podemos colar o eletrodo em cima do marca-passo, pois ele pode interferir a ação do DEA.

3- Pessoas com medicamentos em adesivo

Não podemos colar os eletrodos em cima de medicamentos adesivos, como os de nicotina ou anticoncepcional. É preciso retirá-los para então seguir com o procedimento.

4- Paciente submerso ou molhado

Se o paciente estiver com o tórax molhado, é preciso secar a área em que será colocado o eletrodo. Caso esteja submerso, o posicionamento do aparelho só é permitido após a retirada do paciente do local. Na água o choque irá dissipar, não indo para as fibras cardíacas.

5- Crianças

Acima de 8 anos o paciente é considerado como um adulto e pode usar o aparelho. Abaixo disso, ele é atendido como criança em relação à desfibrilação. O DEA sempre possui eletrodos que são específicos para crianças, um botão de seleção da idade ou um atenuador de carga, que garante que a distribuição elétrica será somente a necessária.

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Fonte: IESPE

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Parada Cardíaca x Infarto – Entenda qual a diferença!

Muitas pessoas acreditam que a Parada Cardíaca e o Infarto são a mesma coisa, porém, engana-se quem pensa assim. Entenda a diferença! 

Parada Cardíaca:

É a interrupção da circulação sanguínea, decorrente da paralisação súbita e inesperada dos batimentos cardíacos. 

Esse evento é desencadeado por uma disfunção elétrica que faz com que o coração bata irregularmente, ou seja, sofra uma arritmia. Com essa atividade interrompida, o coração não bombeia sangue para o cérebro e todo o corpo.

O que acontece?

A pessoa fica inconsciente, passa a não responder a estímulos e não respirar. O coração ‘treme’ ao invés de bater corretamente.

O que fazer?

Verifique se o indivíduo está respirando e se responde a estímulos simples, como um tapa no ombro por exemplo. Se não houver resposta, ligue imediatamente para o SAMU >192, enquanto aguarda o resgate, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), manobra pela qual se comprime o tórax da vítima cerca de 100 vezes por minuto. Caso haja um DEA (Desfibrilador Externo Automático). Atenção: só realize esse procedimento caso saiba fazê-lo corretamente. 

 

Infarto:

É a consequência da obstrução de uma artéria do coração. Quando uma placa de gordura fica “presa” na parede de um desses vasos, um coagulo pode se formar sobre a placa. Se o coagulo se desprende, há o risco dele entupir a artéria, que deixará de irrigar parte do coração. 

Sem oxigênio, o tecido cardíaco começa a sofrer morte celular, podendo ocorrer morte súbita.

O que acontece?

Durante o infarto, os sintomas podem ser intensos e fortes, com dor e desconforto no peito e nos membros superiores, além de suor excessivo e náuseas. No entanto, muitas vezes, a pessoa pode sentir sinais que começam devagar e duram por horas ou até dias antes do infarto. O coração não necessariamente para de bater. 

O que fazer?

Ligue para a emergência, SAMU > 192, para que a vítima possa ser atendida o quanto antes. 

Qual a relação entre os dois eventos?

Em mais de 85% das vezes, a parada súbita do coração é provocada por um Infarto Agudo do Miocárdio (já falamos disso aqui no site, se quiser entender mais sobre, clica AQUI ). Quando o infarto acontece, um dos mecanismos do coração para preservar a si mesmo é desencadear arritmias que podem progredir para parada cardíaca. No entanto, cada um desses eventos pode ocorrer separadamente. 

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Você cuida corretamente do seu jaleco?

O Jaleco é uma peça que faz parte da rotina de trabalho dos profissionais de saúde, eles são utilizados para a proteção dos profissionais e também dos pacientes que atendemos,  mas você cuida corretamente do seu jaleco?

Como surgiu o Jaleco?

 

Existem indícios que indicam que o uso do jaleco para os profissionais da saúde tenha surgido no final da Era medieval, começando na Europa, como forma de proteger médicos da peste bubônica que assolava o continente na época e deixou várias vítimas. O jaleco que conhecemos eram bem diferente dos usados naquela época.

Você sabia que os jalecos não eram em clores claras? Inclusive, a ‘sujeira’ do jaleco era um sinal de que o médico era muito competente e possuía uma vasta experiência.  Ou seja, quanto mais sujo o jaleco fosse, mais respeitado era o médico. O uniforme completo ainda incluía outros itens, como uma máscara com um longo bico – para evitar quer a infecção atingisse as vias respiratórias e se espalhasse pelo corpo, um chapéu e um par de luvas bem grossas conforme na foto.

A influência de Semmelweis

Semmelweis (1818 -1865) foi um médico húngaro bastante reconhecido e um grande protagonista na obrigatoriedade do uso de jaleco. Realizou diversos estudos no tratamento de mulheres que apresentavam febre puerperal e observou com isso que muitas mulheres morriam em partos que não apresentavam complicações.

Com isso ele percebeu que haviam mulheres que apresentavam complicações em ambiente hospitalar, o que não acontecia quando o parto era realizado em casa pelas parteiras. Chegou a fazer indagações em suas anotações sobre possíveis teorias para a causa da epidemia da febre puerperal.  Sendo a mais importante delas:

Dezembro de 1846. Por que é que tantas mulheres morrem com esta febre, depois de partos sem quaisquer problemas? Durante séculos, a ciência disse-nos que se trata de uma epidemia invisível que mata as mães. As causas podem ser a alteração do ar, alguma influência extraterrestre, ou algum movimento da própria Terra, como um tremor de terra. 

Semmelweis participou de um procedimento ao qual seu amigo foi submetido que pouo tempo depois veio a falecer de intensa febre, e ele percebeu que utilizou o mesmo bisturi que dissecava cadáveres, passou a acreditar então que a doença poderia ser transmitida pelo contato.

Com isso, acabou propondo que entre um e outro procedimento médico fosse realizado a lavagem das mãos. Essa medida tomada reduziu o número de mortes. Esse seu ato posteriormente, levou à sua expulsão do hospital e da cidade de Viena e logo depois a sua internação em um hospital psiquiátrico.

Quando o jaleco passou a ser obrigatório?

Foi só a partir do século XIX que foi constatado que a má higienização dentro dos hospitais, inclusive a limpeza do jaleco, fazia total diferença na vida dos pacientes, sendo um meio de transmissão de novas doenças e diversas complicações. Foi então que o jaleco passou a ser higienizado com maior frequência, foi nessa época também que passou a ser da cor branca e de uso obrigatório dentro das clínicas e hospitais.

Ele é um EPI ou não?

De acordo com a NR6, é a norma que mais contém informações a respeito de Equipamentos de Proteção Individual, e nela não existe nada que considere o jaleco como EPI. Na lista de EPI onde se trata de proteção do tronco, não apresenta uma especificação sobre profissionais de saúde e chama atenção apenas para “vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao tronco”.

Embora não haja uma especificação, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na Norma Regulamentadora 6 (NR 6), da Portaria nº 3.214, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Desse modo, podemos concluir que quaisquer roupas que sejam destinadas à proteção, incluindo jalecos ou privativos,  devem ser utilizados pela equipe de saúde a fim de não comprometer a integridade física do trabalhador.

Recomendações gerais para confecção:

  • Devem ser confeccionados em materiais que sejam compatíveis com os agentes de risco;
  • Devem possuir mangas longas, que cubram toda a superfície do braço do colaborador;
  • O dorso deve também ser coberto pelo jaleco;
  • E deve ter comprimento acima do joelho.

Uma grande fonte de microrganismos:

Alguns estudos realizados no Brasil apontaram que os jalecos são potenciais reservatórios para  a transmissão de microrganismos envolvidos nas infecções.

Um estudo da Pontifícia Universidade católica (PUC-SP) apontou que 95,8% dos jalecos analisados, continham bactérias presentes e a mais encontrada foi Staphilococcus aureus. 

Em outra pesquisa realizada pelo Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) demonstrou que algumas bactérias se mantém até dois meses no jaleco e pelo menos 90% delas resistem no tecido por 12 horas.

Como higienizar corretamente o jaleco?

  • Você deve lavá-lo diariamente, pois somente assim estaríamos nos protegendo contra as bactérias;
  • Utilizar hipoclorito de sódio 1% e água à temperatura ambiente. Nunca misturar hipoclorito com água fervendo. Caso haja coloração utilize apenas água fervendo;
  • Deixar de molho no hipoclorito de 30 minutos a 60 minutos (processo chamado de umectação);
  • Seguir com a lavagem normal, separado de outras roupas para evitar contágios.
  • Deixar secar bem ao sol;
  • Passá-lo com temperatura condizente com o tipo de tecido e logo após guardá-lo em saco plastico;
  • Não deverá ser utilizado se não estiver completamente seco!

Dica: quanto mais tempo ficar em contato com o hipoclorito, mais rápido as fibras do tecido se estragarão, ficando amareladas. Para que não ocorra isso, devem ser utilizadas 1 parte de hipoclorito 1% para cada 6 partes de água.

Outro produto utilizado e indicado quando se tem jaleco de cor é o Percarbonato de sódio ou perborato. Para esses casos, deixá-lo de molho em água fervente ou morna por 30 minutos com o produto e depois promover a lavagem normal, separada das demais roupas.

Como devo armazenar até o uso?

O jaleco deve ser armazenado em saco plástico, livre de contato com objetos de uso pessoal e principalmente de alimentos. Na hora de retirá-lo, retire sempre pelo avesso, guardando-o em saco plástico e pelo avesso.

E novamente, não permita o contato com objetos e alimentos. Com isso, outro cuidado que devemos ter é não misturá-lo com outro jaleco limpo e nunca transportá-lo em cabides sem proteção, pois podem levar mais sujeira para seu ambiente de trabalho.

E o mais importante de tudo: JAMAIS, NUNCA, EM HIPÓTESE ALGUMA utilize seu jaleco fora do ambiente de trabalho! Não utilize nas ruas, lojas e demais ambientes. Seja consciente com seus pacientes e com as pessoas ao seu redor!

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