Definição:
Lesão na pele que pode ser causada por calor, frio ou substâncias químicas ou radiação sobre o revestimento do corpo, podendo destruir desde a pele até os tecidos até os tecidos mais profundos como órgãos e ossos.
Quanto calor é necessário para causar temperatura por contato?
A gravidade da lesão térmica por contato está relacionada a temperatura e ao tempo de
exposição;
A pele humana pode tolerar sem prejuízo temperaturas de até 40°C (depende do tempo
de exposição ao agente causal). Acima deste valor, são produzidas diferentes lesões.
Causas
- Agentes secos: fogo, objetos quentes, fricção;
- Líquidos, vapores e gorduras quentes;
- Eletricidade: raio, corrente de baixa ou alta voltagem;
- Radiação: queimadura solar, exposição a fontes radioativas;
- Frio: contato com metais e vapores congelados (oxigênio e nitrogênio).
- Químicos: Substâncias químicas industriais, produtos e agentes químicos de uso doméstico;
- Álcalis e ácidos.
- Biológicos: Seres vivos: taturana, caravelas, água viva, urtiga…
Diagnóstico Etiológico:
- Queimaduras térmicas (atrito);
- Queimaduras químicas;
- Queimaduras elétricas;
- Queimaduras por radiação;
Classificação das Queimaduras:
Quanto à Profundidade:
- 1º Grau
- 2º Grau
- 3º Grau
- 4º Grau
Quanto à extensão:
Profundidade
- 1º Grau
Também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele.
Os sintomas da queimadura de primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas.
- 2º Grau:
Atualmente é dividida em 2º grau superficial e 2º grau profundo.
A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme.
Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz mas o local da lesão pode ser mais claro.
As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos.
A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes
- 3º Grau:
são as queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas.
São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos.
- 4º Grau:
São aquelas que não só acometem as camadas da pele, mas também o tecido adiposo subjacente, músculos, ossos e os órgãos internos.
Extensão:
As queimaduras são classificadas de acordo com a sua extensão:
- Pequeno queimado: até 10% da superfície corporal queimada;
- Médio queimado: acima de 10% à 20% da superfície corporal queimada;
- Grande queimado: acima de 20% da superfície corporal queimada;
REGRA DOS NOVE
É uma ferramenta que fornece a estratificação da lesão e triagem. Todo paciente com lesões de 2º ou 3º grau devem ser avaliados em relação ao percentual da área corporal atingida, de acordo com o diagrama. Quanto maior a extensão das queimaduras, maiores os riscos de complicações e morte.
ATENÇÃO!
- A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade, extensão e localização.
- As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, qualquer que seja a profundidade e extensão são consideradas graves.
Condutas para cada tipo de queimadura:
Queimaduras térmicas:
- Afastar a vítima da origem da queimadura;
- Se a vítima estiver com fogo nas vestes, role-a no chão ou envolva-a em um cobertor ou similar.
- Ao utilizar extintores, verifique se é indicado para o tipo de material em combustão
- Abordagem primária (ABCDE):
- Verificar as vias aéreas, observar sinais de queimaduras na face (fuligem no nariz, cílios chamuscados, edema nos olhos e boca), podem indicar obstrução respiratória – queimaduras ‘internas’;
- Retirar as partes da roupa que não estejam grudadas na área queimada cortando;
- Retirar pulseiras, colares, relógios e anéis devido ao risco de interrupção da circulação pelo edema;
- Proteger os locais queimados com curativos estéreis próprios para queimaduras.
- Transportar para hospital especializado.
Queimadura química:
- Equipe que atende deve utilizar proteção universal para não ter contato com o agente químico;
- Identificação do agente (ácido, base, composto orgânico);
- Avaliar concentração, volume e duração de contato;
- A lesão é progressiva. Remover roupas úmidas com o produto, cortando-as com tesoura;
- Substância em pó, remover previamente excesso com escova ou panos;
- Diluição da substância pela água corrente por no mínimo de 30 minutos.
Pós (cimento, cal, soda cáustica):
- Remover o conteúdo sólido da pele;
- Lavar com água corrente.
- Atenção: Nunca faca fricção no local;
- Empregar água sobre pressão na lavagem.
Queimaduras químicas:
Queimaduras nos olhos:
- Lavar os olhos com água corrente
- Cobrir ambos os olhos da vítima com compressa macia úmida;
- Encaminhar a um hospital especializado.
Queimadura elétrica:
- Definir se foi alta tensão, corrente alternada ou contínua, se houve passagem de corrente com ponto de entrada e saída;
- Avaliar traumas associados (queda de altura e outros);
- Avaliar se ocorreu perda de consciência ou PCR no momento do acidente;
Podem causar:
- Parada cardíaca > lesão de grupos musculares > liberação de potássio: arritmias
- Liberação de mioglobina na corrente sanguínea > tóxica aos rins.
- Queimaduras locais de limites bem definidos ou de grande extensão.
- Elevados índices de mortalidade;
- Geralmente são de pequenas extensões, porém de grande profundidade;
- A intensidade da queimadura dependerá do tipo de corrente, da voltagem e da resistência;
- Afastar a vítima da fonte antes de iniciar o atendimento e desligar a fonte de energia;
- Obs: Caso não seja possível separar a vítima do contato com o fio: NÃO PRESTAR SOCORRO! Acionar a companhia elétrica.
- Interromper o contato da vítima com o agente agressor usando um pedaço de madeira seca, cinto de couro, borracha grossa ou luva de borracha;
- Avaliar extensão da lesão e passagem da corrente;
- Fazer avaliação primária;
- Estar atento aos sinais de PCR, aplicar manobras de compressão torácica, se
necessário; - Identificar o local de entrada e saída da corrente elétrica;
• Proteger os pontos de entrada e saída da corrente elétrica.
Queimaduras circunferênciais:
- Podem contrair a parede torácica a ponto da vítima ser incapaz de respirar;
- Nos membros superiores e inferiores, criam um efeito de compressão, que pode fazer com que haja ausência de pulsos em braços e pernas.
- As ESCARATOMIAS, são incisões cirúrgicas, feitas através da escara da queimadura, que permitem a expansão dos tecidos mais profundos e a descompressão de estruturas vasculares previamente comprimidas e, geralmente, ocluídas.
Cálculo da Hidratação:
Fórmula de Parkland=2 a 4ml x %SCQ x Peso(kg)
- 2ml para idosos, insuficiência renal e ICC;
- 4ml para crianças e adultos jovens;
Soluções Cristalóides (Ringer com lactato);
- 50% infundido nas primeiras 8h
- 50% entre a 8ª e 24ª horas.
Considere sempre a hora da queimadura!!
Hidratação:
- Na lesão elétrica por fios de alta tensão, a vítima apresenta mioglobinúria após extensa destruição muscular.
- Observar glicemia nas crianças, diabéticos e sempre que necessário (jejum);
- Na fase de hidratação (24h iniciais) não se usa diurético, drogas vasoativas.
Tratamento da dor
Uso da via Intravenosa:
Adultos:
- Dipirona – EV
- Morfina- diluída em 9 ml SF 0,9%.
Crianças:
- Dipirona – EV
- Morfina – (solução diluída).
Medidas Gerais e Tratamentos da Ferida:
- Posicionamento: cabeceira elevada; pescoço em hiperextensão; membros superiores elevados e abduzidos, se lesão axilas; •
- Administração da profilaxia do Tétano (Toxóide tetânico), da úlcera do stress (bloqueador receptor H2) e do tromboembolismo (heparina SC);
- Limpeza da ferida com Clorexedina degermante e SF0,9%. Na falta deste, água e sabão neutro;
- Usar antimicrobiano tópico (De acordo com protocolo institucional): pomada Dermacerium
Fisiopatologia:
Tratamento Imediato de Emergência:
- Interromper o processo de queimadura;
- Remover roupas, jóias, anéis, piercing, próteses;
- Cobrir as lesões com curativo estéril.
Tratamento na sala de Emergência:
Vias aéreas- Avaliação:
- Avaliar presença de corpos estranhos, verificar e retirar qualquer tipo de obstrução.
Respiração:
- Aspirar vias aéreas superiores, se necessário;
- Administração de O2 conforme prescrição médica se necessário;
- Observar suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado, face acometida, rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispnéia, queimadura nas vibrissas, insuficiência respiratória;
- Cabeceira elevada (30°);
- Intubação endotraqueal = Escala de coma Glasgow<8, PaO2 <60, PaCO2>55 na gasometria, saturação <90% na oximetria, edema importante de face e orofaringe.
Acesso venosos:
- Obter preferencialmente acesso venoso periférico calibroso mesmo em área queimada;
- Somente na impossibilidade desta, utilizar Acesso Venoso Central
- Passagem de Sonda Vesical de Demora para controle de diurese para queimaduras acima de 20% em adultos e 10% em crianças.
Tratamento adequado
Fase aguda: pode salvar vidas e evitar sequelas;
- Remover as vestimentas e protegê-lo com campos estéreis (intra hospitalar);
- Observar padrão respiratório;
- Providenciar acesso venoso de grande calibre;
- Realizar procedimento de cateterismo vesical e controle do balanço hídrico;
- Administrar vacina antitetânica em pacientes não vacinados;
Reposição Volêmica:
- Deve ser instituída precocemente;
- Receber fluídos por via parenteral compensar a perda através das lesões;
- Atentar-se para o fluxo urinário e às medidas hemodinâmicas;
Cuidados gerais:
- Necessidade de analgesia é proporcional à profundidade da área queimada;
- Suporte Nutricional: Deve ser iniciado, de preferência, até 4 horas após a internação
hospitalar; - Prevenir desidratação e perda de calor com utilização de plástico estéril sobre a área queimada;
- Realização de curativo diário (cobertura de acordo com a prescrição de enfermagem);
Complicações:
- Infecções locais ou sistêmica;
- Distúrbios eletrolíticos;
- Sangramentos intestinais por úlceras agudas;
- Deformidades;
- Choque hipovolêmico;
- Problemas no sistema renal e respiratórios.
Cuidados de Enfermagem
- Observar o padrão respiratório;
- Manter a via aérea permeável;
- Administrar oxigenoterapia conforme solicitação médica;
- Monitorizar os sinais vitais;
- Preparar material para passagem de cateter venoso central se necessário;
- Controle rigoroso do Balanço Hídrico.
- Manter o paciente aquecido e a área corpórea queimada protegida com a utilização de plástico estéril;
- Realizar procedimento de cateterismo vesical;
- Controle rigoroso de diurese, bem como a cor e o aspecto da urina;
- Pesar o paciente diariamente (conforme solicitação e estabilidade hemodinâmica do
paciente).
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