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O que é Ventilação mecânica?
É um procedimento terapêutico invasivo que pode promover a substituição parcial ou total da função respiratória, pode ser invasivo ou não.
Principais objetivos da Ventilação Mecânica:
- Manter as trocas gasosas;
- Reverter hipoxemia;
- Corrigir acidose respiratória aguda associada à hipercapnia;
- Reduzir o desconforto respiratório;
- Prevenir ou reverter atelectasias;
- Reverter a fadiga dos músculos respiratórios;
- Permitir a sedação e anestesia;
- Reduzir o consumo de oxigênio sistêmico e do miocárdio;
- Reduzir a pressão intracraniana;
- Estabilizar a parede torácica;
- Manter a oxigenação e/ou ventilação, de maneira artificial, até que os desequilíbrios dessas funções sejam corrigidos.
Classificação:
O suporte ventilatório pode ser classificado em:
- Ventilação mecânica invasiva: utiliza-se uma cânula (endotraqueal ou traqueostomia) na via aérea;
- Ventilação mecânica não invasiva: utiliza-se uma máscara como interface entre o ventilador e o paciente.
Ciclo Respiratório da Ventilação:
- Fase inspiratória: o ventilador deverá insuflar os os pulmões, vencendo as propriedades resistivas e elásticas do sistema respiratório; a válvula inspiratória se mantém aberta.
- Ciclagem ou mudança de fase: transição entre a fase inspiratória e a expiratória.
- Fase expiratória: o ventilador deverá permitir o esvaziamento dos pulmões, normalmente, de forma passiva para a atmosfera, mediante o fechamento da válvula inspiratória e a abertura da válvula expiratória, permitindo que a pressão do sistema respiratório equilibre-se com a pressão expiratória final determinada no ventilador;
- Disparo ou mudança da fase expiratória para a fase inspiratória: fase em que termina a expiração e ocorre a abertura da válvula inspiratória (disparo) do ventilador, iniciando novamente a fase inspiratória.
Indicações:
- Reanimação em virtude de PCR;
- Hipoventilação;
- Apneia;
- Insuficiência respiratória em virtude de patologias pulmonares;
- Hipoxemia;
- Fraqueza muscular respiratória;
- Doenças neuromusculares (paralisias);
- Trauma craniano (comando respiratório instável);
- Acidente vascular encefálico;
- Intoxicação exógena;
- Prevenção de complicações respiratórias: pós-operatórios, deformidades torácicas.
- Situações de instabilidade da parede torácica;
- Prevenir ou reverter atelectasias;
- Permitir sedações e anestesias;
- Reduzir o consumo de oxigênio sistêmico e do miocárdio.
Ciclagem dos ventiladores:
É o modo pelo qual os ciclos ventilatórios são disparados/ciclados. São classificados em quatro modalidades de acordo com o início da inspiração.
- Ciclados à tempo: a inspiração termina de acordo com um tempo predeterminado. A quantidade de gás ofertada e a pressão nas vias aéreas vão variar, a cada respiração, dependendo das modificações da mecânica pulmonar.
- Ciclados à pressão: a inspiração cessa quando é alcançada a pressão pulmonar máxima programada. Os volumes oferecidos irão variar de acordo com as mudanças da mecânica pulmonar. Contudo, o volume minuto não é garantido.
- Ciclados à volume: a inspiração termina assim que o volume corrente programado é administrado.
- Ciclados à fluxo: a inspiração termina assim que um determinado fluxo é alcançado.
Modos ventilatórios:
- Modo controlado: Neste modo, fixa-se a freqüência respiratória, o volume corrente e o fluxo inspiratório. O inicio da inspiração (disparo) ocorre de acordo com a frequência respiratória pré-estabelecida. A transição entre a inspiração e a expiração (ciclagem) ocorre após a liberação do volume corrente pré-estabelecido em velocidade determinada pelo fluxo. Na ventilação controlada, o volume-minuto é completamente dependente da frequência e do volume corrente do respirador. Nenhum esforço respiratório do paciente irá contribuir para o volume-minuto.
Indicação: Pacientes que não conseguem realizar esforço respiratório (traumatismo raquimedular, depressão do SNC por drogas, bloqueio neuromuscular).
- Modo assistido controlado: Permite um mecanismo de duplo disparo. O ventilador “percebe” o esforço inspiratório do paciente e “responde” oferecendo-lhe um volume corrente predeterminado. O ciclo respiratório são preferencialmente iniciados pelo esforço inspiratório do paciente. Esse esforço deve ser o necessário para vencer o limiar de sensibilidade da válvula de demanda do ventilador, desencadeando, a partir daí, a liberação do volume corrente. Se não ocorrer o esforço inspiratório, o ventilador oferece ciclos controlados na frequência respiratória mínima determinada.
Indicação: Pacientes com ventilação espontânea, porém com fraqueza de musculatura respiratória, desmame ventilatório.
- Ventilação mandatória intermitente (SIMV): Permite que o paciente respire espontaneamente nos intervalos de ciclos controlados pelo ventilador. Portanto, a frequência e volume corrente irão variar de acordo com a necessidade e capacidade individuais. Ao contrário do modo assistido-controlado, na SIMV não existe uma sensibilidade a ser vencida.
Indicação: Desmame ventilatório com necessidade da redução gradual da frequência respiratória do ventilador, permitindo que o paciente assuma o trabalho respiratório.
- Pressão de suporte: Este é um modo de ventilação mecânica espontânea, ou seja, disparado e ciclado pelo paciente, em que o ventilador assiste à ventilação através da manutenção de uma pressão positiva pré-determinada durante a inspiração até que o fluxo inspiratório do paciente reduza-se a um nível crítico, normalmente 25% do pico de fluxo inspiratório atingido. Isto permite que o paciente controle a frequência respiratória e o tempo inspiratório e, dessa forma, o volume de ar inspirado. Assim, o volume corrente depende do esforço inspiratório, da pressão de suporte pré-estabelecida e da mecânica do sistema respiratório.
CPAP: é a ventilação espontânea contínua assistida por um ventilador. Neste modo, o ventilador mantém uma pressão positiva durante todo o ciclo respiratório, tanto da inspiração como na expiração.
Para conhecimento:
- FiO2 (concentração de oxigênio): necessária para manter uma taxa arterial de oxigênio (PaO2) adequada. O FiO2 inicial em qualquer paciente que é introduzido na ventilação mecânica deve ser de 100%. Esse valor deve ser alterado de acordo com a evolução do paciente até alcançar os valores de oferta de O2 em ar ambiente, que é de 21%.
- Pressão inspiratória: é a pressão máxima que deve ser exercida internamente na caixa torácica, esta não deve ultrapassar o valor de 40 cmH2O.
- Volume minuto: é a quantidade de ar que foi administrado ao paciente durante um minuto.
- PEEP: é a pressão expiratória final que fica dentro do alvéolo. Quando um paciente está em um ventilador mecânico, é necessário que a PEEP seja mantida para evitar o colabamento dos alvéolos. O valor fisiológico da PEEP é de 5 cmH2O e esse deve ser o valor programado no ventilador.
Referências:
Livros:
Técnicas de UTI – Rosangêla Jeronimo. Editora Rideel
Enfermagem em Cardiologia cuidados avançados – Jurema Palomo
Sites/Material online:
www.acls.com.br
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia; Associação de Medicina Intensiva Brasileira. II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol. 2000, 26(Supl 2)
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia; Associação de Medicina Intensiva Brasileira. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl 2)