Sinais Vitais: como aferir corretamente?

Quem já está na área sabe que uma das coisas que mais fazemos durante o plantão é aferir sinais vitais! E é sobre isso que vamos falar hoje!

Conteúdo:

O que são Sinais Vitais?

São os sinais das funções orgânicas básicas, sinais clínicos de vida que refletem o equilíbrio ou o desequilíbrio resultante das interações entre os sistemas do organismo e uma determinada doença.

Você sabia? A atenção especial aos sinais vitais foi defendida desde a antiguidade por Hipócrates, como um dos mais importantes dados do exame físico. Porém hoje, são frequentemente tratados com negligência; esses sinais permitem diagnosticar doenças como hipertensão arterial, choque, sepse, febre, hiperatividade simpática, entre tantas outras, bem como monitorizar evolutivamente doenças em curso.

Os sinais vitais são:

  • Pulso
  • Temperatura
  • Respiração
  • Pressão Arterial
  • Dor (sim, a dor recentemente passou a ser o quinto sinal vital!)

Pulso

Após cada batimento cardíaco, quando o sangue é ejetado do ventrículo esquerdo para a aorta, a pressão e o volume resultantes provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial. Essa onda resultante é chamada de Pulso.

Alguns fatores podem provocar alterações passageiras no pulso, como: hipotensão, emoções, exercícios, alimentação, consumo de tóxico, etc.

Locais para verificação do pulso:

Habitualmente, aferimos o pulso através da artéria radial.  Porém, existem outros locais do corpo onde podemos realizar essa mensuração:

Terminologias:

  • Pulso normocárdico: Batimento cardíaco normal;
  • Pulso rítmico: os intervalos entre os batimentos são iguais;
  • Pulso arrítmico: os intervalos entre os batimentos são desiguais;
  • Pulso dicrótico: dá impressão de dois batimentos;
  • Taquisfigmia: pulso acelerado;
  • Bradisfigmia: frequência abaixo da faixa normal;
  • Pulso filiforme: indica redução da força ou do volume do pulso periférico.

Parâmetros de referência para pulsação:

  • Adultos – 60 a 100 bpm;
  • Crianças – 80 a 120 bpm;
  • Bebês – 100 a 160 bpm.

Técnica – como aferir?

  • Higienize as mãos;
  • Explique o procedimento ao paciente;
  • Aqueça as mãos se necessário, friccionando-as;
  • Coloque as polpas digitais dos dedos médios e indicador sobre uma artéria superficial e comprima levemente;
  • Conte os batimentos durante 1 min;
  • Observe arritmias e amplitude;
  • Higienize as mãos;
  • Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do paciente.

ATENÇÃO:

Pulsos filiformes devem sempre ser confirmados em um grande tronco (carotídeo, femoral, ou mesmo ápex cardíaco).

Nunca use o polegar para aferir o pulso, pelo risco de confundir a sua própria pulsação com a do paciente.

Preferencialmente, não aferir em membro que possua fístula ou que tenha sido realizado cateterismo cardíaco.

Temperatura

A temperatura corporal de uma pessoa varia de acordo com o sexo, suas atividades físicas recentes, consumo de alimentos e líquidos, horário do dia que é mensurada e nas mulheres, do estágio do ciclo menstrual.

Terminologia

  • Hipotermia: Temperatura abaixo de 35°C;
  • Afebril: 36,1°C a 37,2°C;
  • Febril: 37,3°C a 37,7°C;
  • Febre: 37,8°C a 38,9°C;
  • Pirexia: 39°C a 40°C;
  • Hiperpirexia: acima de 40°C.

Valores de referência para a temperatura

  • Temperatura axilar: 35,8°C a 37°C;
  • Temperatura bucal: 36,3°C a 37,4°C;
  • Temperatura retal: 37°C a 38°C.

Verificação da temperatura axilar

  • Higienize as mãos;
  • Prepare o material necessário;
  • Explique o procedimento ao paciente;
  • Realize a assepsia do termômetro utilizando algodão embebecido em álcool a 70%;
  • Enxugue a axila, caso seja necessário, coloque o termômetro na região axilar com o bulbo em contato direto com a pele do paciente, pedindo ao paciente que mantenha o braço por sobre o tórax, com a mão no ombro oposto e o cotovelo rente ao corpo;
  •  Retire o termômetro após 5 min, realiza a leitura e memorize  o resultado;
  • Agite o termômetro para que o mercúrio desça abaixo de 35°C;
  • Realize a assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool a 70%;
  • Higienize as mãos;
  • Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do paciente.

Verificação de temperatura oral

  • Higienize as mãos;
  • Prepare o material necessário;
  • Explique o procedimento ao paciente;
  • Realize a assepsia do termômetro utilizando algodão embebecido em álcool a 70%;
  • Coloque o termômetro sob a língua do paciente, recomendando a ele que o conserve na posição, mantendo a boca fechada;
  • Retire o termômetro após 5 min, realize a leitura e memorize o resultado;
  • Realize assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool a 70% e guarde-o em local apropriado;
  • Higienize as mãos;
  • Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do paciente.

Verificação da temperatura retal

  • Higienize as mãos;
  • Prepare o material necessário;
  • Explique o procedimento ao paciente;
  • Calce as luvas de procedimento;
  • Realize a assepsia do termômetro utilizando algodão embebecido em álcool a 70%;
  • Coloque o paciente em decúbito lateral esquerdo com a perna direita flexionada (posição de Sims);
  • Lubrifique a ponta do termômetro e introduza-o no ânus, acompanhado a curvatura do reto, aproximadamente 1,5 cm em lactentes e 4 cm em adultos;
  • Retire o termômetro após 3 min, realize a leitura e memorize o valor;
  • Lave o termômetro com água e sabão;
  • Realize assepsia do termômetro com algodão embebido em álcool a 70%;
  • Retire as luvas de procedimento;
  • Higienize as mãos;
  • Cheque o procedimento realizado e anote o valor obtido no prontuário do paciente.

Respiração:

O processo complexo que envolve o aparelho cardiorrespiratório, que consiste nas trocas gasosas entre o organismo e o meio ambiente, com particular importância na captação de Oxigênio e eliminação do Gás carbônico. O oxigênio inspirado entra no sangue e o dióxido de carbono (CO2) é expelido, com frequência regular. Essa troca de gases ocorre quando o ar chega aos alvéolos pulmonares, que é a parte funcional do pulmão. É nesse processo que o sangue venoso se transforma em sangue arterial. A frequência respiratória em geral é mensurada através da observação da expansão torácica contando o número de inspirações por um minuto.

Terminologia

  • Eupneia: respiração normal.
  • Dispneia: é a respiração difícil, trabalhosa ou curta. É sintoma comum de várias doenças pulmonares e cardíacas; pode ser súbita ou lenta e gradativa.
  • Ortopneia: é a incapacidade de respirar facilmente, exceto na posição ereta.
  • Taquipneia: respiração rápida, acima dos valores da normalidade, frequentemente pouco profunda.
  • Bradipneia: respiração lenta, abaixo da normalidade.
  • Apneia: ausência da respiração.
  • Respiração de Cheyne-Stokes: respiração em ciclos, que aumenta e diminui a profundidade, com períodos de apneia. Quase sempre ocorre com a aproximação da morte.
  • Respiração de Kussmaul: inspiração profunda seguida de apneia e expiração suspirante, característica de como diabético.
  • Respiração de Biot: respirações superficiais durante 2 ou 3 ciclos, seguidos por período irregular de apneia.
  • Respiração sibilante: sons que se assemelham a assovios.

Valores de referência para respiração

  • Adultos – 12 a 20 inspirações/ min;
  • Crianças – 20 a 25 inspirações/ min;
  • Bebês – 30 a 60 respirações/ min.

Verificação de frequência respiratória

  • Higieniza as mãos;
  • Posicione o paciente confortavelmente;
  • Coloque a mão no pulso radial do paciente, como se fosse controlar o pulso, e observe os movimentos respiratórios;
  • Conte a frequência respiratória por 1 minuto e memorize;
  • Higienize as mãos;
  • Registre o valor e as características da respiração na folha de anotação de enfermagem.

Pressão Arterial

A pressão ou tensão arterial é função do produto: débito cardíaco x resistência vascular periférica, ou seja, a pressão arterial reflete na pressão que o sangue exerce contra a parede dos vasos, quando é lançado na corrente sanguínea, pelo ventrículo esquerdo, sendo essa pressão dependente de cinco fatores:

  1. Força contrátil do coração (ventrículo esquerdo): uma fraca contração da bomba cardíaca leva a uma queda na pressão; já que o débito cardíaco, que é a quantidade de sangue ejetado do ventrículo esquerdo fica prejudicado.
  2. Resistência Vascular periférica: quando o calibre dos vasos periféricos torna-se reduzido (vasoconstrição) a pressão se eleva, devido ao aumento da resistência, já quando esses têm um calibre mais amplo (vasodilatação), ocorre diminuição da pressão sanguínea.
  3. Volume do sangue circulante (volemia): é de fácil compreensão de que quanto maior a quantidade de sangue no interior dos vasos, maior será a pressão exercida sobre os mesmos e vice-versa.
  4. Viscosidade sanguínea: é decorrente da composição dos fluídos corporais circulantes, das proteínas (pressão oncótica) e dos elementos figurados do sangue: Quanto mais viscoso, mais alta será a pressão arterial.
  5. Elasticidade da parede dos vasos: Relaciona-se à resistência oferecida pelos vasos ao fluxo sanguíneo, Quanto menos elástica for a parede do vaso, maior será a resistência oferecida por ele, consequentemente, a pressão.

Temos a pressão máxima, chamada de sistólica que é exercida pelo batimento cardíaco no momento  em que o ventrículo esquerdo ejeta o sangue através da artéria aorta.  E pressão mínima que é a diastólica, que é apressão que está continuamente presente nas arteriais na fase de relaxamento e enchimento do ventrículo.

Terminologia

  • Hipertensão: PA acima da média
  • Hipotensão: PA inferior à média
  • Convergente: a sistólica e a diastólica se aproximam
  • Divergente: a sistólica e a diastólica se afastam

Valores de referência para pressão arterial

  • Hipotensão – inferior a 100 x 60
  • Normotensão – 120 x 80
  • Hipertensão limite – 140 x 90
  • Hipertensão moderada – 160 x 100
  • Hipertensão grave – superior a 180 x 110

Verificação da pressão arterial

  • Higienize as mãos;
  • Prepare o material na bandeja;
  • Explique o procedimento ao paciente;
  • Remova as roupas do braço no qual será colocado o manguito;
  • Posicione o braço na altura do coração, apoiado, com a palma da mão voltada para cima;
  • Realize a assepsia, com algodão embebido em álcool a 70% nas olivas e no diafragma do estetoscópio;
  • Selecione o manguito de tamanho adequado ao braço;
  • Centralize o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial;
  • Solicite que o paciente não fale durante a mensuração;
  • Palpe a artéria braquial e coloque o estetoscópio sobre ela sem comprimi-la excessivamente;
  • Insufle o manguito até ultrapassar 20 a30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica ( ponto de desaparecimento do pulso radial);
  • Proceda à deflação lentamente;
  • Determine a pressão sistólica na ausculta do primeiro som ( Fase I de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e em seguida, aumente ligeiramente a velocidade de deflação;
  • Determine a pressão diastólica no desaparecimento do som (Fase V de Korotkoff);
  • Ausculte cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som, para confirmar seu desaparecimento;
  • Informe o valor da pressão arterial medido ao paciente;
  • Realize a assepsia com álcool a 70% nas olivas e no diafragma do estetoscópio;
  • Guarde o material;
  • Higienize as mãos;
  • Registre o valor obtido na folha de anotação de enfermagem.

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