MEGA AULA – Curativos! Parte I

Uma das muitas atribuições da enfermagem é a realização de curativos.  Porém, existem várias formas de fazê-lo, e vários materiais a serem utilizados, como veremos.

Conteúdo:

O carrinho de Curativo:

Um bom curativo começa com uma boa preparação do carro de curativos. Este deve ser completamente limpo. Deve-se verificar a validade de todo o material a ser utilizado. Quando houver suspeita sobre a esterilidade do material que deve ser estéril, este deve ser considerado não estéril e ser descartado. Deve verificar ainda se os pacotes estão bem lacrados e dobrados corretamente

Definições importantes:

Curativo:

É o tratamento utilizado para promover a cicatrização da ferida, proporcionando um meio adequado para esse processo. A escolha do curativo depende do tipo de ferida.

Ferida:

São o resultado visível de lesão ou morte das células dos tecidos, causando ruptura da integridade de um tecido. Podem envolver parcial ou totalmente a espessura da pele, podendo atingir subcutâneo, músculo ou até mesmo comprometendo tecidos e órgãos profundos.

Podem ser:
  • Ferida não cirúrgica: é a decorrente de doenças, traumatismos, dentre outros;
  • Ferida cirúrgica: é realizada pelo cirurgião por meio de instrumentos especializados. As vezes, podem acontecer complicações como: sangramento, infecção, exsudação (purulenta, serosa), deiscência dos pontos, aumento da extensão e/ou profundidade da ferida.

São classificadas em:

Feridas assépticas – não contaminada: ferida cirúrgica​;

Feridas sépticas – contaminada​: ferida lacerada.​ 

O Curativo ideal

  • O curativo ideal deve manter alta umidade entre a ferida e o curativo.
  • Remover o excesso de exsudação, evitando a maceração dos tecidos próximos;
  • Permitir a troca gasosa;
  • Fornecer isolamento térmico;
  • Ser impermeável as bactérias;
  • Estar insento de substâncias tóxicas;
  • Permitir sua retirada sem ocasionar lesão por aderência.

Funções dos Curativos:

  •  Prevenir e tratar a infecção das lesões contaminadas;
  • Evitar a contaminação das feridas limpas;
  • Promover a cicatrização;
  • Remover exsudatos;
  • Promover a hemostasia;
  • Proteger o leito da ferida;
  • Aliviar a dor;
  • Manter medicamentos no local;
  • Manter um ambiente umedecido;
  • Remover corpos estranhos;
  • Proteger contra traumas;
  • Reaproximar bordas separadas;
  • Preencher espaço morto;
  • Remover tecido necrótico;
  • Reduzir o edema;
  • Fornecer isolamento térmico;
  • Dar conforto psicológico;
  • Permitir as trocas gasosas;
  • Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida.

Lembrando que:

Curativo Infectado: limpeza de fora para dentro!
Curativo Limpo: limpeza de dentro para fora!

Cicatrização das feridas:

O processo de cicatrização, transforma o tecido de granulação em tecido cicatricial, sendo a cicatriz a etapa final deste processo.

Fisiopatologia da cicatrização:

Estágios da cicatrização:

  • Reação inflamatória- hemostasia, edema e atração de leucócitos. Dura por volta de 03 dias.​
  • Reepitelização– células epidérmicas se reproduzem​;
  • Proliferação- células epiteliais cobre a superfície da ferida,aparece o tecido de granulação que consiste de colágeno, capilares,macrófagos e fibroblastos;
  • Maturação –final da cicatrização, tecido organizado.

Tipos de cicatrização:

  • Primeira intenção: é quando as bordas das feridas tem suas superfícies aproximadas  por sutura, fita adesiva ou outros mecanismos;
  • Segunda intenção ou granulação: é quando não acontece aproximação das superfícies, e nesse espaço proliferam as granulações, que, por sua vez, serão recobertas pelo epitélio.
  • Terceira intenção: ocorre quando as bordas da ferida são unidas por uma sutura posteriormente.

Fatores que afetam a cicatrização:

Nível nutricional: Um dieta pobre em elementos protéicos, vitamina C e desidratação são os principais causadores do retardo da cicatrização;
Condições de vascularização: como o sangue fornece os elementos cicatrizantes, quanto melhor a circulação, mais eficiente será a cicatrização.
Idade: O processo cicatricial é mais retardado nos idosos;
Edema: Causa alterações na derme o que dificulta a união das extremidades da ferida e diminui a vascularização local.
Administração de drogas: medicamentos que escondem a presença de infecção.
Técnica de curativo: Um dos principais motivos de complicações é o modo como é feito o curativo, exemplo:  troca insuficiente, falhas de técnica asséptica, curativo apertado demais impedindo a circulação.
Glicose: A alteração da taxa de glicose sanguínea prejudica diretamente a cicatrização.

Classificação dos Curativos:

Como já mencionamos, o tipo de curativo a ser utilizado, irá depender da ferida que iremos tratar. Como critérios para escolha, devemos levar em consideração:

  • A ferida: se está seca, com crosta, se apresenta exsudato ou se possui necrose.
  • Onde está localizada a ferida;
  • Qual o tamanho desta ferida;
  • E o formato da ferida: se é superficial ou profunda.

Curativo aberto:

É utilizado em feridas sem infecção que após tratamento permanecem abertos – sem proteção oclusiva. Não há necessidade dos ferimentos serem
ocluídos.
•Algumas feridas cirúrgicas (após 24 horas)
•Cortes pequenos ou escoriações
•Queimaduras de 1º grau

Semi-Oclusivo:

Curativo que oclui parcialmente a lesão e absorve secreções, sendo semi-permeável ao ar e a água. Também permite a exposição da ferida ao ar, absorve exsudato da ferida e isola o exsudato da pele saudável adjacente.

Oclusivo:

Curativo que oclui totalmente o leito da ferida e não permite a passagem de ar ou fluidos, sendo uma barreira contra bactérias. Tem como vantagens:
•Vedar a ferida, a fim de impedir pneumotórax;
•Impede a perda de fluidos;
•Promove o isolamento térmico e de terminações nervosas;
•Impede a formação de crostas.

Compressivo:

É utilizado para reduzir o fluxo sanguíneo, ou promover estase, e ajudar na aproximação das extremidades do ferimento. Após a limpeza do leito da ferida e aplicação de medicamentos (as vezes) é ocluído.

Com irrigação:

Alguns ferimentos que possui infecção dentro da cavidade ou fístula,possui indicação de irrigação com SF 0,9% ou antisséptico, sendo realizado com seringa.

Com Drenagem:

Nos ferimentos com grande quantidade de exsudação, utiliza-se nessas situações, coloca-se um dreno de Penrose, Kehr, tubos, cateteres ou bolsas de colostomia.     

Sutura com Fita Adesiva:

Após limpeza da ferida, as bordas do tecido seccionado são unidas e fixa-se a fita adesiva. Este tipo de curativo é apropriado para cortes superficiais e de pequena extensão.

ATENÇÃO: Para que a aula não fica demasiadamente grande e cansativa, dividimos esse post em dois, não deixe de conferir também o MEGA AULA – Curativos Parte II, onde abordamos sobre a técnica correta do curativo, quais as pinças que utilizamos e os tipos de curativos presente no mercado!

MEGA AULA – Curativos! Parte II

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